Para quem tem um horário tradicional 2ªfeira começa o trabalho. À medida que os dias passam vem o sonho da 6ªfeira no horizonte, a contagem decrescente. Sábado é de liberdade, Domingo já cheira a 2ªfeira… Então qual é a magia da 6ªfeira…? Quais os ingredientes que, para a maioria, tornam a 6ªfeira especial, mesmo quando comparada a Sábado?
Parte da magia de 6ªfeira vem da capacidade que temos de sonhar o melhor e projectá-lo, por exemplo, num dia específico da semana. Depositamos na 6ªfeira os desejos que não podemos realizar naquele momento imediato dos restantes dias da semana. Esta capacidade serve-nos portanto como uma defesa à frustração de querermos algo num dado momento que não podemos ter. Vem também desta capacidade, encontrada nos adultos e menos nas crianças, de tolerância ao adiamento da gratificação. Permite manter possível o desejo do agora, adiando-o no tempo, alimentando-nos assim a esperança da liberdade do nosso agir, preenchendo-nos com a antecipação de como será bom quando esse dia chegar.
Ao mesmo tempo esse adiar faz-nos viver as experiências desejadas na nossa fantasia e a nossa fantasia é bem mais generosa do que a realidade. A fantasia não está tão amarrada aos limites do pragmático. Assim, passamos meramente do projectar o nosso desejo no futuro próximo para vivê-lo no nosso imaginário da forma mais perfeita – idealizar.
Muitas vezes a 6ªfeira não corresponde exactamente à idealização, ou porque o cansaço acumulado na semana vence, ou porque afinal os planos mudaram, ou até porque o tempo passa depressa. Pode vir a ser um dia melhor ou pior, ou simplesmente diferente do que o idealizado, mas a verdade é que na 2ªfeira seguinte já estamos de novo a cultivar os nossos sonhos para 6ªfeira! E que bom sinal que isso é, já diz a sabedoria popular: “o melhor da festa é esperar por ela”. Essa é a verdadeira magia da Sexta-feira.