CaminhoRioAzul

BOLD E SUBLINHADOS

Quando estamos no 9º ou no 12º, há muitas diferenças, mas há algo em comum: um mundo de possibilidades. Há espaço para se pensar muitos cenários possíveis, de astronauta a enfermeiro, de contabilista a pintor. Mas pode também ser tremendamente difícil encontrar rumo no meio de tanta escolha.

O peso do contexto e da família, inconscientemente, amarra o alcance dos nossos sonhos. Se o meu pai é pescador, nem sempre é fácil projectar-me no futuro como um astronauta da NASA – ou até pode ser, mas muitas vezes como um sonho “inalcançável”, em que no fundo, no fundo sabemos ser irreal. Muitos exemplos podem ser ditos, e vários clichés também – o filho de advogados tem dificuldade em ver-se como pintor. Alguém que nasceu num país com Sol tem dificuldade em acreditar que pode estudar fenómenos biológicos no Ártico. Onde quero chegar com estas caricaturas é ao facto de que embora nesta fase da vida ainda estejam todas as portas abertas e haja um mundo de possibilidades, às vezes, dentro da cabeça dos próprios há limitações que eles próprios e os seus pais nem se apercebem e que condicionam as escolhas.

Por tudo isto é preciso pôr luz sobre essas limitações, fazendo-as desaparecer. Desenhar com várias cores as possibilidades, porque este é o momento, quando ainda não há responsabilidades e contas para pagar. Pensar as capacidades e gostos, sem esconder que a vida trará obrigações e dificuldades, mas sem esmagar sonhos nem cair em ilusões. Um equilíbrio saudável.

Nesta fase importa explorar, perceber por vários ângulos quais são os nossos fortes. Aquilo para que temos mais jeito, que fazemos melhor, onde obtemos mais sucesso. Aquilo que nos dá mais prazer fazer, que nos diverte e nos faz sentir motivados. Dentro desta segunda alínea, explorar o porquê de gostarmos de desempenhar aquela tarefa ou de estudar aquele tema. Eu posso gostar de português porque gosto de ler histórias novas ou porque gosto de ler em público, ou porque gosto de escrever: cada uma destas três pessoas apresentam características pessoais diferentes, apesar de darem uma mesma resposta “gosto de Português”.

Os sucessos são também importantes, porque não só dão uma visão das capacidades que nos podem levar mais longe numa universidade ou no mercado de trabalho, como também são uma fonte de alimento da nossa auto-estima e motivação. Ninguém é feliz em constante fracasso, por mais que repita mantras de “o importante é tentar” – sim o importante é tentar, mas insistir vezes sem conta, fracassando sempre, magoa muito.

Explorar as capacidades e os gostos e entrelaçando os dois para chegar a algumas hipóteses viáveis de escolha de áreas e futuras profissões é um trabalho importantíssimo nesta altura. Constrói-se agora os alicerces do futuro. Mais do que escolhas definitivas, é preciso utilizar bold e sublinhados para definir as características de cada um.

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